Outrora fui “o cara”,
hoje sou “o coroa”,
e ser chamado assim
dói mais que atordoa.
Coroa de que reino
se já em mim falece
o brilho de outros dias
no tempo que anoitece,
e mesmo quem achava
“o tal” aquele cara
hoje lhe vira o rosto
e até lhe nega a fala?
De bom grado recuso
essa falsa nobreza.
Deixo a outros a glória
revestida em torpeza.
Quero livre o meu crânio
– mesmo que só pra vê-lo,
com a tesoura dos anos,
caírem-lhe os cabelos.
caírem-lhe os cabelos.