Quem
contará minha história
quando eu já for esquecido?
Quem – se não me coube a glória –
dirá dos meus passos idos?
Das sombras que me engolfavam?
Das mil ações incompletas?
Da frieza dos enlaces?
Da minha ansiedade quieta?
Do desgosto disfarçado
em sábias ponderações?
Ou dos recuos plasmados
no ânimo das deserções?
Quem falará – se está morto
quem poderia dizer
melhor do que qualquer outro
o que não consegui ser?
Se não houver, pouco importa,
os que possam fazer isso.
Ao se fechar a comporta,
levarei tudo comigo.