quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

O outro


 

Pelé se via um outro. 

Foi um súdito e menino

que ao ganhar a coroa

passou a tratar a si

na terceira pessoa. 

 

Nunca usava “eu”

para falar do jogador.

Era sempre “ele” –

alguém que inventou

e tinha a sua pele. 

 

Até que a invenção 

lhe assentava bem,

pois havia um motivo:

não permitir que ninguém 

misturasse homem e mito. 

Escolha

            A solidão é meu retiro.            Ao burburinho surdo e vão            de tantas falas sem sentido,           prefiro ouv...