Do que me lembro,
esqueci.
Parti para onde
me encontro.
Conheço quem
nunca vi.
A lucidez me faz
tonto.
Piedoso na
inclemência,
sempre a perder o
que ganho,
sou ativo na
indolência,
e nos meus
feitos, bisonho.
Professo a fé na
descrença.
Costumo voar no
chão.
O que me cura é
doença,
e me dói quando
estou são.
Pervertido
querubim,
sou sincero na
trapaça.
Não abdico de mim,
mas cedo só de
pirraça.
Qual garimpeiro
sem mina,
prossigo por uma
estrada
que começa onde
termina
e, ao final, dá em nada.