Aos
mortos da pandemia
não há quem vele os caixões.
Se ajuntam na mesma vala
promíscua, sem orações.
Devem ser vistos de longe,
ermos de amigos, parentes,
e sem rosto em que se note
da morte o aspecto indigente.
Quiçá da tumba comum,
nesse repouso gregário,
possam eles ter na cova,
não um lúgubre ossuário,
mas um lar que lhes conceda
(sem medo à infecção)
quem rompa o lacre do esquife
e venha lhes dar a mão.