sexta-feira, 1 de maio de 2020

Os mortos da pandemia

    
Aos mortos da pandemia
não há quem vele os caixões.
Se ajuntam na mesma vala
promíscua, sem orações.

Devem ser vistos de longe,
ermos de amigos, parentes,
e sem rosto em que se note
da morte o aspecto indigente.

Quiçá da tumba comum,
nesse repouso gregário,
possam eles ter na cova,
não um lúgubre ossuário,

mas um lar que lhes conceda   
(sem medo à infecção)
quem rompa o lacre do esquife
e venha lhes dar a mão.

Escolha

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