Para Flávio Tavares
Não poucas vezes durante a semana
ele se punha diante do espelho,
na tentativa pertinaz, insana,
de desvendar o seu próprio segredo.
Mas via, aflito, quando se mirava,
uma figura que mais parecia
a soma esdrúxula, hedionda e parva
de rostos mil que foram seus um dia.
Quem era aquela estranha multidão
a lhe estender os olhos de agonia
num desespero que não tinha idade?
Veio-lhe um dia a revelação:
o que o espelho, em síntese, refletia
era o retrato da humanidade.
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