sábado, 18 de maio de 2019

Eterno retorno



Ao deparar com a sucessão do tempo, 
o homem se amedronta e se apequena.
Pensa na morte – o vão coroamento
que o destrói ao lhe apagar as penas.   

Procura então com o véu da fantasia
escapar ao rigor da natureza,   
que o põe no mundo para que um dia
retorne a ela (essa é a certeza).

Para curar-se, enfim, da vã loucura   
de ser perene, suplantar a idade,       
em meio ao tempo que tudo tritura,  

bastara-lhe meditar nesta verdade:  
se o transitório habita no que dura,   
é no instante que mora a eternidade.

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